A DOR E O SOCORRO...ABSOLUTO

                Pai, venho aqui,estou sofrendo, socorre-me... ti amo Pai!
Ontém fui menino travesso, levei a vida no avesso e por não ouvir-te quase que não o reconheço.
Sei! antes que falem alguma coisa, não fui santo, não fui obdiente mas tu sabes... sou gente:
     gente que sonha;
                 gente que luta, que busca;
                                 gente que ajuda gente;
                                            gente que prioriza a vida e a torna mais atraente...não é o bastante.
 Sei que no profundo, no âmago da existência de cada ser, tanto a vontade como o querer
        por lógica matermática ou não, devem caminhar juntas. É a fome com a vontade de comer, perguntar ao defunto se quer cova, brincar com filho de onça pensando que é filho de gato... é
se drogar, ficar perdido, confuso, sem ambiente, como um inconsequente e achar que é o maior
barato. É não entender como caminhar, é não querer e não saber rezar ou orar, mas na hora que se sente acoado, solucionar o problema tomando veneno de rato... é pensar que tudo é curtição, não peocupar-se com o irmão e tampouco reconhecer erros e pedir-lhe perdão e na hora do aperto, achar que soluciona tudo queimando um morrão, é muita loucura... não?!
                 Pai, sou parte ou particula do teu projeto de vida, sou na verdade o barro do barro que sobrou, a resta fina da madeira que sobrou, a água barrenta depois que a límpida foi retirada, sou o feijão nadando em muito caldo na vida do sertão, a víbora, o inseto que sai da fenda do rachado chão,
sou o personagem inocente ou intencionado que antes do último suspiro pergunta à mãe: no céu tem pão?  Sou caminhante, vivente e sobrevivente das noites frias e agitadas, sou no meio de todos menos que nada; nada que interesse ao outro; nada que alguém perceba; nada que alguém acredita, simplesmente nada... ainda sou... poeira que o vento não levou, o broto que não germinou, a flor que não floreceu e a criança que nada tem com a irresponsabilidade dos seres, que aos dois, três, quatro ou mais meses de vida, a abortou... sou!
               Pai, ao soprar do vento, ao nascer do sol, ao cair da chuva, em dia frio ou quente, sou aquele
menino talvez inocente a espera de um lar... lá se foi a esperança quando do alto do morro com toda
força natural desce a chuva trazendo barraco, dejeto, lixo, gente e de jeito, como dito popular, joga tudo sob a terra e o que era realidade torna-se calamidade e eu, advinha,soterrado tentando respirar... mais um na estatística, sufocado no meus anseios e ansioso por natureza, que beleza, tentando ao som
que vem ressoando bem baixinho a esperança ao expressar na letra daquele que um dia foi criança e viveu dura realidade, que a sociedade ignora, uma intelectual melodia, que me acalma naquele
tenebroso dia cujo o refrão diz:" eu só quero é ser feliz, andar tranquilamente na favela em que nasci e poder me orgulhar..." um estampido, ouço lamentos, gritos! Pai um homem-menino ou menino-homem, entra armado onde deveria servir para educar , e,  mata várias crianças inocentes e aí é a hora que em meio a tanta dor, a sua imagem e semelhança como adulto ou como criança ti culpa por tudo e ainda pergunta: Deus meu, Deus meu onde estás?
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Eu, mero mortal, culpado ou inocente, nada a declarar...não tenho forças!
              Pai, fui criança,jovem, hoje sou adulto e sinto que ao relatar minha estranha loucura naquilo que escrevo, tenho plena convicção que mesmo nos momentos que faltam as palavras ou que o dessespero toma conta, quem percebe,sente, que és semelhante a plantar na lama e colher uma flor, ou seja, és o Deus que tudo pode, tudo faz e tudo restaura, O GRANDE EU SOU.
             Até o entardecer! Marcos Antonio Ferreira Lima.